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quarta-feira, abril 28, 2010

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segunda-feira, abril 26, 2010

Tolstói e o absurdo da guerra

“Tolstói mostra o absurdo da guerra”

ENTREVISTA | Boris Schnaiderman, escritor e e tradutor

Às vésperas de completar 93 anos, o escritor e professor de Literatura Boris Schnaiderman deixou de lado as traduções do russo para se dedicar a um volume que mistura ensaio e autobiografia. A obra já tem título: Meu Século, Minha Fera. Ele se recusa a definir o gênero do que está escrevendo:

– É um livro em que misturo memórias e textos críticos.

Nesta entrevista, concedida de sua casa, em São Paulo, por telefone, Schnaiderman fala da tradução de Tolstói e de sua própria experiência na II Guerra Mundial (Luiz Antônio Araujo):

Zero Hora – Por que o senhor decidiu refazer suas traduções do russo?

Boris Schnaiderman –
Esta é a quarta vez que traduzo Khádji-Murát. A primeira vez foi em 1949. Refiz o trabalho porque estava insatisfeito com os resultados anteriores. No final dos anos 1940, eu era o único a me dedicar à tradução direta do russo no país. Antes – na década de 1920, por exemplo –, tinha havido tentativas.

ZH – A maioria das edições existentes de autores russos era traduzida de outros idiomas.

Schnaiderman –
Sim. Às vezes, uma obra era traduzida do russo para o francês, do francês para o espanhol e depois para o português. Havia casos muito tristes de deformação. Houve uma grande voga de literatura russa na década de 1890 e, a partir da França, ela se espalhou por vários países e chegou ao Brasil.

ZH – Quais foram as dificuldades para o seu trabalho na época?

Schnaiderman –
Não dispunha de material de consulta. Não tinha um dicionário à mão. Não existia nenhum dicionário russo-português. Havia russo-francês, russo-alemão. A primeira tradução foi uma ousadia sem conta, um ato impulsivo. Hoje em dia, acho isso condenável.

ZH – Consta que o senhor rejeitou o título, O Diabo Branco.

Schnaiderman –
Era o título de um filme. Houve vários filmes inspirados em Khádji-Murát. É um romance quase cinematográfico. Sergei Eisenstein (cineasta russo) chegou a escrever que parecia ter sido feito para o cinema. Eu falei com o editor, mas ele não deu ouvidos. Ele queria o título do filme.

ZH – Qual é, na sua opinião, o lugar desse livro na obra de Tolstói?

Schnaiderman –
O tema hoje em dia parece candente porque trata da luta dos russos contra os povos do Cáucaso, inclusive os chechenos. A luta contra os que tinham se revoltado. Uma grande revolta de fundo religioso. Tolstói mostra o absurdo da guerra tanto de um lado como de outro. Os nativos estavam lutando contra o domínio russo, mas ele mostra os absurdos, os exageros e as violências de lado a lado. Quando era moço, me revoltava com a atitude de Tolstói de se manter distante dos dois lados. Minha simpatia estava toda com os nativos do Cáucaso. Com a idade madura, percebo a profunda verdade que há nessa novela.

ZH – O senhor foi integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, na II Guerra Mundial. Já tinha lido Tolstói?

Schnaiderman –
Já tinha lido bastante. Fui um dos poucos naturalizados que participaram da FEB. (Schnaiderman nasceu na Ucrânia e chegou ao Brasil aos oito anos, em 1925.) Houve um movimento de arregimentar estrangeiros, mas na hora H, foram bem poucos os naturalizados. Não fui voluntário porque, se me apresentasse, meus pais fariam tudo para que eu não fosse. (Risos.) Eu era engenheiro agrônomo e funcionário do Ministério da Agricultura. Fiz tudo para ser convocado. Me alistei na Artilharia e fiz curso de sargento. Era calculador de tiro.

TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

O prazer da leitura é incomparável. Criar mundos, visualizar personagens, embarcar em histórias propostas por autores diversos. Como já diria a campanha em prol da leitura do Ministério da Educação de tempos atrás: ‘Quem lê, viaja!‘. E fazemos essa viagem sem sair do lugar, mergulhando em páginas e em histórias fascinantes.

E adaptações de sucessos da literatura para o cinema e televisão acontecem não é de hoje. Se as versões fazem tanto sucesso quanto as obras originais já é outra questão. Entretanto, como bons leitores e telespectadores que somos, Michael Oliveira e eu, Leandro Faria, fizemos juntos a lista abaixo, com um TOP 10 de livros que acabaram virando séries de televisão.

Convidamos vocês a embarcar conosco nessa leitura e nessa viagem que saiu das páginas e foi para a tela da TV.

SEX AND THE CITY

sex and the city TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

Carrie, Samantha, Miranda e Charlote fazem sucesso até hoje, já que a série terminou, mas a saga das quatro amigas de Nova York perdurou no cinema já indo para seu segundo longa metragem. Passada na cidade de Nova Iorque, a série focava nas relações íntimas de quatro mulheres que eram amigas, três das quais nos trinta, e uma, Samantha, nos seus quarenta. Uma comédia de situação com elementos de telenovela, a série focou muitas vezes assuntos relevantes como o estatuto da mulher na sociedade atual. Livremente baseada num livro do mesmo nome de Candance Bushnell (interessante notar que no livro, as personagens principais são apenas citadas, não são as protagonistas), a televisão acabou revelando o nome da autora, que era produtora da série e fez sucesso por seis temporadas.

THE DRESDEN FILES

dresden files TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

Baseada em uma série de livros de mistério e magia do autor americano Jim Butcher que já conta com mais de dez livros, The Dresden Files não fez muito sucesso na TV e acabou cancelada após apenas 12 episódios exibidos. Tanto a série quanto o livro seguem o dia a dia do mago profissional Harry Dresden, que ajuda a polícia de Chicago em casos “incomuns” que requerem seus conhecimentos. As similaridades entre as duas mídias terminam basicamente aí e até mesmo o autor liberou um comunicado na época do lançamento da série pedindo que as pessoas não esperassem encontrar na tv as mesmas situações descritas nos livros.

LIPSTICK JUNGLE

lipstick jungle TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

É a típica série feita por encomenda que falhou ao tentar reproduzir na TV aberta um sucesso da TV fechada. Baseada em um livro da escritora e socialite Candace Bushnell lançado em 2005 com o intuito de conquistar o público que havia ficado órfão com o cancelamento de Sex and The City, a série falha em todos os aspectos. Primeiro, porque não tem personagens tão carismáticos; segundo, porque a história é praticamente igual, diminuindo o sexo e aumentando o drama; terceiro, porque na TV fechada cinco milhões de espectadores é considerado sucesso e na TV aberta os mesmos cinco milhões de espectadores alcançados é considerado um fracasso retumbante. A série foi cancelada após 20 episódios exibidos.

WOMEN’S MURDER CLUB

womens murder club TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

Em uma mistura de Sex and the City e CSI, essa série acompanha a vida de quatro mulheres que se unem para resolver crimes em São Franciso enquanto lidam com seus problemas pessoais, muitas vezes mais complicados do que os assassinatos. A série não segue a mesma história existente nos nove livros já publicados pelo autor James Patterson e, apesar de ter durado somente 13 episódios, recebeu críticas favoráveis e manteve uma audiência média de 6 milhões de espectadores por episódio. Talvez por culpa dos altos padrões na ABC, talvez por ter estreado no ano da greve dos roteiristas, o fato é que essa série merecia pelo menos uma temporada completa ao invés do cancelamento precoce.

LEGEND OF THE SEEKER

legend of the seeker TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

Terry Goodkind é o autor da série de livros The Sword of Truth que atualmente está no décimo primeiro volume. Sam Raimi é o produtor de séries como Xena e Hércules, que volta à mesma temática 15 anos depois. Legend of the Seeker é o resultado da união desses dois profissionais que atualmente exibe sua segunda temporada em syndication e ainda não foi renovada. A adaptação é bem diferente dos livros por um motivo simples: para ser exibida em syndication a série precisa ter episódios fechados que não deixam pontas soltas. Sendo assim, a série segue o Seeker e seus amigos, ajudando uma cidade de cada vez a livrar Midlands dos vilões existentes, abusando de mágica e efeitos especiais.

GOSSIP GIRL

gossip girl TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

A série de televisão, todos nós conhecemos e adoramos, afinal, a vida dos riquinhos do Upper East Side, em Gossip Girl é sucesso há tempos. O que algumas pessoas podem não saber é que a série é baseada numa coleção de livros escritos por Cecily von Ziegesar que, assim como na série, conta a história da vida glamorosa de adolescentes nova-iorquinos. A historia é narrada por uma misteriosa blogueira que conta todos os detalhes do dia a dia dos personagens em seu blog. A diferença fica por conta da suavizada que a série de televisão deu em muitos personagens e tramas que, nos livros, são muito mais ‘pesados’. Até o momento, 12 volumes da série já foram lançados no Brasil.

DEXTER

dexter TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

A série é baseada no livro Darkly Dreaming Dexter, de Jeff Lindsay, e conta a história de Dexter Morgan, um assassino em série que trabalha como analista forense especialista em padrões de dispersão de sangue, no departamento de polícia do Condado de Miami-Dade. Dexter, na televisão, é magistralmente interpretado por Michael C. Hall, que nos faz torcer por um serial killer de forma surpreendente. Até a terceira temporada, a série baseava seus roteiros nos livros lançados sobre o personagem. A partir da quarta temporada, os roteiristas passaram a criar as histórias sem uma base e fizeram isso de forma espetacular, criando uma trama que não deixou nada a dever às anteriores. Uma coisa é inegável: Dexteré sucesso, seja nos livros, seja na série de TV.

TRUE BLOOD

true blood TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

A sensacional série da HBO que conquistou público e crítica é baseada na série de livros Sookie Stackhouse, da escritora americana Charlaine Harris. Em True Blood acompanhamos a co-existência de vampiros e humanos em Bon Temps, uma pequena cidade fictícia localizada no Louisiana. A série é focada em Sookie Stackhouse, uma garçonete telepata que se apaixona pelo vampiro Bill Compton. Uma história sobre vampiros, feita pra gente grande e que transita bem entre o fantástico e o ‘real’, trazendo para a televisão discussões oportunas sobre exclusão e preconceito, sem soar didática ou cansativa. True Blood é um exemplo de que o que é bom pode ser adaptado e dar certo, quando bem feito.

FRIDAY NIGHT LIGHTS

friday night lights TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

Escolhido pela Sports Illustrated como o quarto melhor livro sobre esportes já escrito, Friday Night Lights: A Town, a Team, and a Dream é um livro de não-ficção que acompanha um ano na vida dos envolvidos no campeonato estudantil de futebol americano na cidade de Odessa, Texas. Mais do que um retrato do esporte, tanto a série quanto o livro falam sobre o racismo e a falta de perspectivas dessa comunidade que vive em função deste campeonato. A série já recebeu diversos prêmios de Melhor Série, Roteiro e Elenco e apesar de aclamada pelos críticos não caiu nas graças do público. Por isso, a quinta temporada já foi confirmada como a sua última.

THE VAMPIRE DIARIES

vampire diaries TOP 10: Da Literatura Para a Televisão

Uma jovem apaixonada por um vampiro. Você já leu isso em Crepúsculo e, se é fã, também em The Vampire Diaries, da autora americana Lisa Jane Smith. A diferença entre as obras é que Elena (a mocinha de The Vampire Diaries) se vê às voltas com dois irmãos vampiros. Originalmente, a história dos livros seria contada numa trilogia que, devido ao apelo dos fãs, virou uma série que já tem seis livros lançados e com outros títulos à caminho. A série de televisão, pegando carona na onda dos vampiros, estreou na CW americana em setembro de 2009 e está atualmente nos momentos finais da primeira temporada. Para os fãs, a boa notícia: The Vampire Diaries já foi renovada e uma segunda temporada foi garantida.

Você, caro leitor, já se aventurou pelas páginas de algum dos livros citados que deram origem à séries que hoje em dia acompanhamos na televisão? Comparar as mídias pode ser complicado, mas o que prefere, os livros ou as séries?

E, ajude-nos a ampliar a lista: que outros nomes poderiam compor esse TOP e não entraram? Coloque a boca no trombone. Ou melhor, os dedos no teclado e usem a caixa de comentários!

Especial Produzido à Quatro Mãos por Leandro Faria e Michael Oliveira

Mark twain

Redação Central, 21 abr (EFE).- "Foi um profundo filósofo com a visão de um profeta", afirmava o jornal "San Francisco Call" após saber da morte do escritor e jornalista Samuel Langhorne Clemens no dia 21 de abril de 1910 - ou Mark Twain, como ficaria conhecido na posteridade.

Seu legado prolífico, com títulos como "As aventuras de Tom Sawyer", "Huckleberry Finn" e "Príncipe e Mendigo", o tornou merecedor do título de "pai da literatura americana", como definiu o escritor William Faulkner em 1955.

Já em seu obituário se considerava que Mark Twain evoluiu de cômico brincalhão a "uma das grandes figuras literárias de seu tempo", embora o reconhecimento de seus contemporâneos não adoçasse seu final, marcado pelas tragédias familiares e a perda de seus entes queridos.

As origens de Twain dizem muito sobre sua obra posterior: nasceu no dia 30 de novembro de 1835 na cidade de Flórida (Missouri, EUA), mas foi o porto de Hannibal, para onde se transferiu com sua família aos quatro anos, o cenário à beira do Mississipi no qual se inspiram as correrias de Tom e de Huckleberry, em que o autor colocou muitas de suas vivências.

Entre elas, sua relação com a escravidão, que viveu de perto em Mississipi, um estado que a permitia, e em sua própria casa, já que seu pai teve um escravo e um de seus tios teve vários com os quais o jovem Sam passava longas horas escutando contos e cânticos espirituais.

O escritor começou escrevendo artigos jornalísticos, profissão à qual chegou após uma viagem complicada com quase 18 anos que o levou a Nova York, onde colaborou em distintas publicações.

Em 1857 retornou ao Mississipi e após se dedicar a pilotar navios pelo rio, a explosão da guerra civil (1861-1865) o obrigou a abandonar este trabalho e o conduziu rumo a Nevada, onde pretendia dedicar-se a busca de ouro.

Voltou em breve ao jornalismo no "Territorial Enterprise", na Virgínia, onde usou pela primeira vez o pseudônimo com o qual passaria à posteridade.

O primeiro ponto de inflexão em sua carreira como escritor chegou em 1865, com a publicação de um conto em diversos periódicos.

Twain conseguiu um êxito notável com este conto, mas ainda mais com seus artigos de viagens, compilados depois em um livro, "Guia para viajantes inocentes" (1869).

Enquanto continuava sua carreira como jornalista e começava a de escritor, Twain se mudou para várias cidades, se casou com Olivia Langdon e teve sua primeira filha, Susy, que morreu aos dois anos de difteria.

Um drama que o levou a se voltar para crítica social antes de se concentrar na ficção pura que, no entanto, sempre teve um forte cenário de realidade que demonstrava a clara vocação antropológica do escritor.

Em 1876 chegaram "As aventuras de Tom Sawyer", que ia muito além da literatura infantil e juvenil na qual se enquadrou em um primeiro momento e que apontava a vertente social que o escritor sempre daria a seus livros.

"Príncipe e mendigo" (1881), "Vida no Mississipi" (1883), "Um ianque na corte do rei Artur"" (1889) e aquela que é sem dúvida sua obra mais famosa, "As aventuras de Huckleberry Finn" (1884), na qual satiriza a escravidão predominante nos estados sulinos.

Um questão-chave e polêmica em suas obras, é que se por um lado contêm críticas duras à escravidão, também mantém posturas que alguns críticos consideram ambíguas por seu conteúdo racista.

Entre 1890 e 1900 Twain e sua família se dedicaram a viajar por todo o mundo e o escritor foi testemunha das diferenças sociais, que imortalizou em suas obras e desde 1901 até sua morte foi o presidente da Liga Anti-imperialista.

Uma experiência vital que o fez ter um profundo conhecimento da realidade na qual viveu e que colocou em suas novelas. "Supor está bem, mas descobrir é melhor", afirmou Twain, que sempre quis ser uma testemunha direta.

E esse realismo de seus relatos, com uma linguagem simples e divertida, fez dele um dos escritores mais influentes da literatura americana.

Foi o primeiro grande escritor americano que não procedia da costa leste; o primeiro a utilizar uma linguagem que se parecia a que o povo falava na realidade e, sem dúvida, um dos primeiros escritores nos quais a análise social se aliou com a delicadeza.

"Toda a literatura americana começa com ele. Não havia nada antes. Não há nada depois", assinalou Ernest Hemingway.

Falta de cuidado com a própria língua

Português chega às escolas de idiomas
Muitas vezes preocupados em aprender línguas estrangeiras, os brasileiros têm se descuidado do seu próprio idioma
Adilson Camargo
Quantas vezes você correu os olhos nos anúncios de emprego e leu que era preciso dominar o idioma inglês e, em alguns casos, também o espanhol? Há empresas que pedem outros idiomas a seus candidatos, como o alemão, francês e japonês.

Por conta dessa exigência do mercado de trabalho, muitas pessoas estão se preocupando mais em aprender uma língua estrangeira do que ter pleno domínio de sua própria língua.

Esse descuido pode ser “fatal”. Erros grosseiros de português em uma simples carta de apresentação ou no currículo pode comprometer o futuro do candidato dentro de qualquer empresa. A falta de domínio do idioma nacional é um dos principais motivos de eliminação dos concorrentes a um cargo profissional.

Cientes dessa deficiência, as escolas de idiomas passaram a oferecer o curso de português para brasileiros. O público-alvo é formado por funcionários que foram promovidos a cargos de chefia e empresários que ascenderam socialmente, mas que na época de estudantes, não chegaram a se esforçar muito para aprender e agora podem se envergonhar por falar errado, ou soltar memorandos cheios de erros.

Entre os alunos estão também estudantes de nível universitário preocupados com a qualidade e a correção dos textos que terão de produzir em seus trabalhos de conclusão de curso, nas dissertações de mestrado e nas teses de doutorado.

É o caso de Guilherme Peres Donatto, 19 anos, aluno do 2º ano do curso de administração. Segundo ele, quando cursava o ensino médio, as matérias eram passadas com muita rapidez, sem tempo para assimilação.

Quando passou a frequentar o cursinho, antes de entrar na faculdade, o obstáculo passou a ser a grande quantidade de alunos. Conseguir a atenção do professor para tirar as dúvidas era um desafio.

Mesmo tendo o hábito de ler, Guilherme chegou à conclusão de que o aprendizado da língua portuguesa não foi adequado. Preocupado com seu desempenho na universidade e também fora dela, onde pretende concorrer a emprego público por meio de concurso, ele se matriculou em um curso de português oferecido pela escola Focus Idiomas, uma das que oferecem o serviço em Bauru.

“Todos os anos, centenas de pessoas se formam na área em que estou estudando. A concorrência é acirrada. Por isso, tenho de oferecer algo a mais para ter chances no mercado de trabalho”, observa.

Akemi Goto, 23 anos, companheira de sala de Guilherme, está no curso por outro motivo. Ela nasceu no Brasil, aprendeu a falar português, mas com 4 anos de idade foi para o Japão, onde permaneceu por 18 anos. Agora, ela está de volta e precisa de um reforço para aprender a escrever corretamente. Ela fala e entende perfeitamente o português, mas tem dificuldades com a escrita.

Segundo ela, a parte gramatical da língua portuguesa é mais complicada do que aprender o idioma japonês. Um dos seus objetivos nessa volta ao Brasil é entrar numa faculdade. Para isso, terá de dominar sua língua natal.

Para a coordenadora do curso de letras da Universidade do Sagrado Coração (USC), a professora de literatura Valéria Biondo, saber utilizar o idioma de maneira correta é essencial para quem ocupa cargos executivos. Isso porque não é somente o nome da pessoa que está em evidência, mas da empresa em que ela trabalha também.

“As pessoas confiam menos em quem não sabe se expressar”, afirma Valéria. Na opinião dela, os líderes têm de dar exemplo inclusive nesse aspecto. No entanto, a coordenadora ressalta que conhecer a língua materna em todas as suas particularidades é dever de todos. “Dominar o idioma é o mínimo que se espera de um povo”, diz.

Segundo Valéria, os alunos de hoje leem pouco e isso contribui para a falta de familiarização com a língua portuguesa. Ela lembra que quando era criança por diversas vezes ganhou livros de presente. “Hoje, nós vemos muito pouco isso”, comenta.

Por isso, a coordenadora garante que muito dessa defasagem no domínio do português deve-se à falta de incentivo à leitura dentro de casa. “A participação dos pais é fundamental”, afirma. “O livro tem de fazer parte do cotidiano das pessoas”, orienta Valéria, que faz parte da comissão de correção dos vestibulares da USC e conhece de perto o tamanho do problema.