GilmarJunior

Textos de minha vida.

domingo, abril 23, 2006

Rumo ao espaço – por Gilmar Júnior – 23 de abril de 2006.

O astronauta Marcos Pontes tornou-se a grande vedete nacional. Num ano permeado de invocações ao civismo – a Copa do Mundo é o símbolo máximo desse sentimento –, um cidadão de Bauru tenta personificar o quão promissor é o povo brasileiro, que ingressa de vez no círculo tecnológico mundial.

Seria um texto grandiloqüente, daqueles de enfunar o peito dos habitantes da outrora Terra de Vera Cruz. Só lhe falta o apodo “Era uma vez”, seguido de momentos quase mitológicos. Sinto que o desalento amarga a boca de muitos que viram o desenrolar da trajetória do astronauta brasileiro. Sim, meus caros, é mais uma falácia perpetrada pelo governo federal. Imbuído de uma ânsia doentia de permanecer mais quatro anos no conforto do Plano Piloto de Brasília, o ex-desempregado Luiz Inácio Lula da Silva aciona o aparato de propaganda do PT para infundir ao povo a idéia de um Brasil do Futuro. A tática é antiga – fora usada pela ditadura no início dos anos 70 –, mas consegue angariar simpatias por esse país continental.

Marcos Pontes chegou esbaforido no Brasil. Só que os pressupostos da missão dele acabaram por me deixar espavorido. Pontes foi o que menos tempo ficou lá no solilóquio do espaço. Dentre suas atribuições, ele tinha de acompanhar a germinação de grãos de feijão no vazio sideral. E ainda enviou fotos de tão complexo experimento. A simples decolada dele do Casaquistão e sua célere permanência no espaço aviltaram em 10 milhões de reais o erário brasileiro, confeccionado a partir da mais aguda carga tributária do planeta e, quiçá, da galáxia.

Concomitante a isso, a Petrobrás anuncia a auto-suficiência brasileira em petróleo. Eis mais um engodo cínico. A produção diária de barris ostenta crescimento contínuo desde os anos 80, fruto dos infortúnios motivados pelos sucessivos aumentos da cotação do petróleo em âmbito mundial. Em 2002, quando Lula assumira, o Brasil produzia 1,5 milhão de barris por dia. Hoje, a auto-suficiência se traduz em 1,9 milhão. Um aumento normal. Tudo não passaria de problema se houvesse regressão nesses números. Implodir plataformas petrolíferas em alto-mar ainda não é tática do PT.

Dois acontecimentos tão próximos não são mera coincidência. Reconheço o engenho da inteligência petista em querer mais quatro anos. Ainda mais se a estada da sigla no Planalto reverteu em tanto espólio. Mas a maneira pela qual esses fatos são apresentados fere a sagacidade de muitos cidadãos já despedaçados em termos de esperança. A ida de um brasileiro ao espaço não passa de mentira. Há muito tempo, a classe dirigente nacional vem enviando coisas ao léu, sem a pompa destinada a Marcos Pontes e à plataforma P-50.

A absolvição de 9 deputados envolvidos até as gravatas no Mensalão significa que um botão fora pressionado e a ÉTICA foi, amarrada e ensangüentada, enviada para um planeta distante e olvido. Não se o paradeiro de um conceito tão antigo. O requebrar canhestro dos quadris oblíquos de Ângela Guadagnin acionou a partida da JUSTIÇA para pagos igualmente longínquos. E, num discurso tolo e simplório, Lula, ao afirmar que um trabalhador detentor de 350 reais mensais pode consumir filé mignon, decretou o desterro da VERGONHA para uma prisão desconhecida. Enquanto a ditadura militar eliminava corpos, o PT acaba com sonhos e virtudes decantadas há séculos por um sem-número de artistas da palavra.

Exemplos não faltariam a um partido eleito pela ESPERANÇA. Esta não fora enviada para um astro qualquer no espaço sideral, tampouco foi encarcerada em alguma prisão superlotada do Brasil. Da ESPERANÇA, meus caros, resta apenas o atestado de óbito.

quarta-feira, abril 19, 2006

Versos ao partido extinto

Ribomba nos céus o desejo incauto
De esperança ou de sentimento altivo
O palerma de outrora assim se gaba
De altivez em coturnos escusos!

Enganaste ao sorrir de soslaio
Líder que jamais fora necessitado
Tuas falácias murcham num átimo
Cheias de burrice, pobre desgraçado!

Pede aos súditos a confiança
Numa alma do interior rico
Que desviou para si tanta pujança
Que arrotou como jóia falso viço!

Mais quatro crimes lhe curvam a alma
Se ainda a tivesse cálida
Choraria diante de nós com grave alarma

Quanta morte dissipa-lhe os desmandos
Quer calar a turba que ainda cria
Arreganha as amarelas presas
Diante de brios que lhes são estranhos!

Ah, PT, por que me enganaste?
Entidade falsária que teima em lograr
As almas doridas por tantos arrabaldes;
Tua estrela verte mentiras sem par!

Mácula me fizeste, em tenros anos
De vida que lhe compete
Um quarto de século com tantas feridas
Verga-lhe a face a correição de mentiras!

Meu dedo em riste amou-te há pouco
Meu coração em frangalhos
Cospe-te diante de tantos roubos!