Homenagem ao Dia das Mulheres




Nas fotos, mulheres dos movimentos relacionados ao setor primário se reuniram depois das 14h em frente ao Palácio Piratini. Entre as reivindicações, elas exigiam o fim da plantação desenfreada de eucaliptos, o chamado "deserto verde". Tal iniciativa vem sendo aplicada por empresas de celulose, como a Aracruz. Mais de 100 ONGs integram a Rede Alerta, iniciativa que visa elucidar a população sobre a monocultura do eucalipto e do pinus, as duas madeiras das quais se obtém o papel.
No Brasil, 65% da produção de papel vem do eucalipto. A monocultura, segundo ambientalistas, é a inimiga maior da biodiversidade. Além disso, os impactos ambientais são mais atrozes. No norte do Espírito Santo, mais de 130 córregos secaram devido à implantação de extensas áreas de reflorestamento com eucaliptos.
A produção de papel demanda cada vez mais terras, o que conduz à apropriação indevida de terras indígenas e de comunidades quilombolas. Para se subtrair das implicações legais, as empresas do setor acenam com criação de empregos e geração de divisas para o Estado. Contudo, o setor é altamente mecanizado, seja nas indústrias, seja no reflorestamento.
O Brasil produz 8 milhões de toneladas de celulose (dados de 2002) e pretende ampliar em 86% a área destinada a essa atividade (de 1,4 milhões para 2,6 milhões de hectares). Desse volume, 30,4% é exportado. Internamente, apenas 37% do papel produzido vai para a reciclagem. A falta de coleta seletiva e de dispositivos legais que puniriam empresas poluidoras emperram o processo de reciclagem no País.
Diante de números fabulosos e de expectativas sombrias, as mulheres foram à sede do governo gaúcho e clamaram por um mundo mais "feminino". Ser feminino no sentido de preocupar-se com as gerações futuras. Quem gera uma vida alardeia-se com mais intensidade por ela.
Fotos e texto: Gilmar Luís.
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